segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O CONTADOR DE MOEDAS...

A vida é sempre uma troca, essa é a dinâmica de cada um, e somente podemos trocar, ou dar, aquilo que nos sobra seja dinheiro, amor, conselhos, carinhos, tempo...
Porém existem pessoas que precisam quantificar tudo, se te emprestam dinheiro querem o mesmo de volta, se te dão amor querem o mesmo em troca, e por ai vai, já que tem que ser tudo pão pão, queijo queijo.
Nessa reflexão entendo que muitos de nós não podemos viver nessa mentalidade do olho por olho, dente por dente, porque as pessoas têm diferentes condições de vida. Vejo pessoas que socorrem financeiramente um familiar, ou amigo, em caráter de empréstimo, por exemplo, e claro que mesmo que passem anos o valor devido será sempre lembrado, talvez até com juros e correções monetárias.
Talvez se a pessoa fizesse uma análise mais concreta do seu devedor como pessoa, avaliasse sua história pessoal com o mesmo, fizesse uma revisão do tanto de tempo, carinho e amor dedicado a si mesmo e buscasse com isso quantificar (em moedas) talvez a posição das cadeiras mudassem, ou seja, o devedor viraria credor, e vice-versa.
O problema está que no mundo material aquele que quantifica será sempre o dinheiro, o resto passa a ser um "dever" daquele que menos produz e que o materialista muitas vezes não dispõe (de tempo para aconselhar, de tempo para dar carinho, de tempo para amar e cuidar do próximo) e não enxerga isso como algo “rentável”...
Minha reflexão consiste numa particularidade familiar que conversei com minha irmã sobre um desentendimento de seres entrelaçados nessa vida. De um lado uma pessoa completamente presa a sua posse material, do outro lado uma pessoa dedicada à vida, aos cuidados pessoais, ao carinho e, sobretudo a tolerância dessa pessoa que hoje está idosa (e ranzinza) e mais do que nunca precisa de cuidados especiais. Se fosse pagar por 20 anos de cuidados a enfermeiros e aconselhamentos talvez todo o seu dinheiro fosse devorado ao longo do tempo. Não somos obrigados a gostar de certas pessoas, mas temos que ter a autocritica de avaliar os dois lados de uma história e praticar a justiça consciente.
Essa injustiça é muito comum entre casais que se separam já que aquele que produz vai traduzir a sua parte sempre em moeda corrente, aquilo que se pode provar diante de um juiz em casos extremos, e nunca levará em conta quem cuidou dos filhos, quem fez a comida gostosa para receber o estressado trabalhador em casa, dos ouvidos surdos diante de tantas reclamações e muitas vezes de traições geradas ao longo de um convívio entre as partes. Acontece muitas vezes com o trabalhador que recebeu treinamento adequado, um ofício para seu futuro, um caminho seguro para o sustento de sua família, mas que quando surge uma nova proposta (e tendo um curriculum melhorado significativamente por atenção da empresa que investiu pesadamente no seu treinamento e capacitação) de trabalho simplesmente “esquecem” daquilo que lhe foi outorgado e vão embora. Acontece, e muito, nos núcleos familiares quando existe uma herança e na partilha, que ao longo de anos, ninguém quer abrir mãos da matemática perfeita, da divisão exata, sem olhar o filho ou filha, da esposa ou esposo, do irmão ou amigo, que ficou a cuidar daquele que partiu e frustrando muitas vezes seus sonhos pessoais e sacrificando sua liberdade.
A gratidão deveria ser um elemento importante na hora de separar suas partes e a justiça seria sempre mais fácil se as pessoas alimentassem esse sentimento.
Se for para quantificar eu pergunto: quanto custa uma hora de psicólogo? Quanto custa uma diária de um enfermeiro? Quanto vale uma cozinheira e uma babá? Qual o valor de uma boa companhia? Quanto é a frustração de um sonho? Quanto vale a liberdade?
Se você é um eterno contador de moedas reflita e valorize mais as pessoas ao seu redor. Certamente se quantificar todos esses valores as suas decisões serão sempre mais justas e sua consciência ficará sempre mais tranquila.

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